sexta-feira, 13 de novembro de 2009

DEIXEM-NOS ADORAR!!!



Há algum tempo, este foi o título de uma pastoral em um boletim dominical; feita em uma ocasião em que os membros da igreja talvez não estavam compreendendo como deveriam ser suas atitudes nos momentos de cultos. O pastor, dizia que as pessoas, suas ovelhas, o estavam atrapalhando no momento de culto. Entravam e saiam do santuário a todo o momento; conversas paralelas; o pessoal do “fundão” rindo de tudo o que estava acontecendo, as crianças com seus brinquedos e lanchinhos fazendo a festa. DEIXEM-ME ADORAR! Parecia mais um grito de socorro daquele pastor. Hoje, Também estou gritando: DEIXEM-ME ADORAR! Mas, não adianta; nem gritando podem me ouvir!
Sinto-me com 150 anos quando me pego perguntando: Porque a maioria dos instrumentistas preferem um volume mais alto que o normal? Minha preocupação é com meu ouvido, do jeito que estão às coisas, com quarenta anos estarei surdo! Um volume agradável é a primeira atitude em que uma pessoa que se diz músico deve ter ao transmitir as outras pessoas o seu “som”; espera-se de um musicista um senso mínimo de sensibilidade. E nós, músicos cristãos, não estamos transmitindo uma mensagem qualquer, estamos transmitindo uma mensagem salvadora e transformadora. Ao invés disso, deixamos os crentes, sem contar os vizinhos, estressados e impacientes, pois, ficam orando para o culto terminar logo, pois, o barulho é insuportável, e cada minuto a mais parece ser uma eternidade.
Aumentar o volume é uma estratégia de músicos imaturos pra aumentar a energia do ambiente; mas, nem sempre a iniciativa de aumentar o volume parte do músico, em alguns casos parte de seus superiores, ministros de música, líderes de adoração e pastores. “Vamos tocar mais alto, os irmãos estão muito desanimados”. Pra muitos, tocar animado, brilhante, alegre, é tocar alto. Domingo após domingo, presenciamos os absurdos métodos de som utilizados para compensar a falta de talento. Se existe alguém que tem direito de tocar alto, é aquele que toca muito bem, mas, geralmente quem toca muito bem, sabe que tocar alto não agrada a ninguém, nem a si próprio. Além de tudo, devemos considerar que podemos estar excluindo as pessoas; não só os idosos, pois, dizem por ai que volume alto incomoda apenas os idosos, isso não é verdade. Uma vez passei na porta de uma igreja, e, pensei que o “Guns N’ Roses” estivesse tocando na igreja; era muito alto; depois que a polícia (em resposta ao telefonema do vizinho da igreja) chega, os crentes começam a dizer que é coisa do diabo, é perseguição contra a igreja.

Um outro problema sério que acaba desencadeando diversas situações é a afinação; vamos dizer a verdade, a maioria dos cantores e instrumentistas não estão próximos de uma afinação correta, se é que posso dizer assim; além de tocarem alto, tocam desafinado. Certa ocasião fui desafiado pelo irmão baterista a tocar bem alto ao acompanhar o irmão fulano (solo), pois, ele é “meio desafinado”, “temos que encobrir a voz dele”. Outro episódio muito interessante eu presenciei há alguns anos atrás e sempre que lembro acho muito engraçado. Domingo de manhã, o irmão da guitarra chega para o irmão do baixo e diz: Já afinou seu baixo? Não! Não precisa, eu afinei na quarta-feira.
Em um de seus sermões, o pastor da minha igreja de estágio disse algo muito interessante: “Aqueles que fazem as coisas do Senhor de qualquer maneira, transparecem uma vida sem leitura da palavra, sem oração, sem vida devocional diante de Deus". Existe um quadro de irresponsabilidade muito grande da parte dos músicos cristãos, chegar no horário de ensaios e cultos hoje em dia é uma grande utopia para os seus líderes, isso quando os próprios líderes são os atrasados. A falta de zelo tem assolado implacavelmente os coros, bandas, conjuntos, etc. Existe um celebre frase muito proferida por nós, músicos da igreja: “O ministério de música é a área da igreja mais atacada por satanás”, posso estar errado, mas, isso acontece porque permitimos, estamos preocupados demais com a nossa performance e acabamos esquecendo de que precisamos além de um bom conhecimento técnico, acima de tudo, precisamos cultivar uma vida devocional baseada na palavra de Deus.
Será que a maioria dos músicos de uma banda/equipe de louvor/equipe instrumental percebem que estão tocando em conjunto? Já observei vários grupos instrumentais, e, na maioria deles, todos eram solistas ao mesmo tempo; isso é falta de musicalidade. John G. Stackhouse Jr, em um artigo enfatiza o desenvolvimento da música na Palestina, “uma música requintada e adornada para os cantores comuns”. Então os cristãos iam à igreja para ouvir um padre e um coral. Lutero, o grande reformador, tirou a música sacra dos profissionais e a devolveu a igreja. Suas composições, entre elas o Grande Hino “Castelo Forte é O Nosso Deus”, foram baseadas em melodias populares. (inclusive melodias tocadas em bares). Infelizmente hoje, grande parte das composições que cantamos, podemos observar a falta de arte e, infelizmente, falta de palavra; não passam de vans repetições que, acabamos chamando de adoração contemporânea; as letras fazem promessas em nome de Deus, “hoje o meu milagre vai chegar”.
Para concluir, é inaceitável o duelo-dominical que é travado entre uma banda de cinco componentes e uma congregação de centenas de pessoas. Como sempre, a banda vence; são raros os momentos em que se pode ouvir o tão exprimido “canto congregacional”. De vez em quando é bom ouvirmos Giovanni Pierluigi da Palestrina; e um bom rock cristão também; precisamos sempre apresentar um boa música, com qualidade musical e qualidade de letra. É uma questão de respeito com a congregação e consigo mesmo. Devemos levar congregação a cantar. Precisamos promover a reconciliação entre os instrumentistas e a congregação, esta luta não pode continuar, o povo esta clamando: “DEIXEM-NOS ADORAR”.

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