Uma preocupação que tem se acentuado em minha mente é em relação ao crescimento técnico do músico cristão. No dia a dia do serviço na igreja, às vezes me surpreendo com um amadorismo extremo de algumas pessoas envolvidas com a música, com o culto, mas, isso se resolve com um suporte técnico, com dicas, palestras, seminários, workshop, reciclagem, enfim, possibilidades de aperfeiçoamento.
Mas, quando se trata da saúde espiritual desse músico, o que fazer? Alguns optam por uma classe na EBD exclusiva para este rebanho seleto de pessoas (digo isso pelo fato de terem uma classe só para músicos, isso os torna seletos). Creio que isso não resolve, afinal, o conteúdo espiritual que o “restante” do rebanho recebe, deve servir de igual forma para os músicos. O Deus que fala para os não-músicos é o mesmo Deus que fala aos músicos. A mensagem é a mesma, o caminho é o mesmo, a graça foi derramada de igual forma.
Será que todos os músicos entendem dessa forma? Ou pensam que terão um céu exclusivo para eles? Participei de um grande evento para músicos cristãos há poucos meses atrás, e fiquei impressionado com os grupos “seletos” que pude observar durante aqueles dias. Músicos, ministros que só pelo fato de estarem em grandes igrejas e, até mesmo desenvolvendo grandes ministérios, refletem a soberba e o orgulho por onde passam.
O que há de errado com esses músicos? Será que eles conhecem de fato o Deus que eles servem? Jesus nunca agiu assim. O que mais me causa indignação é que isso tudo é um reflexo de uma vida espiritual vazia; uma espiritualidade rala, raquítica e sem profundidade.
Existem muitos profissionais do culto. Um fenômeno que tem se tornado comum nos arraiais eclesiásticos são os chamados músicos freelancers, músicos sem compromisso com a igreja; principalmente músicos de orquestras. “Preciso de um clarinetista!”, basta um telefonema e problema resolvido. E a vida espiritual desse músico? Ele tem tido comunhão com a igreja dele? Sua vida de testemunho tem sido de acordo com a palavra? Ou faz anos que ele não aparece na igreja dele? Bebe e fuma à vontade, passa a noite na boate; às vezes nem crente o indivíduo é mais, mas, no domingo, lá está ele, todo santinho tocando na igreja. Que situação sem graça! Que músico sem graça!
Ouvi de um professor certa vez de que o ministério de música na igreja está em decadência; talvez ele até tenha razão, a qualidade musical está em baixa, o canto congregacional nunca foi tão pobre teologicamente, a mediocridade tem se alastrado com facilidade, a falta de compromisso é gritante, o volume dos instrumentos é ensurdecedor, mas, muitos ministérios estão em decadência porque seus líderes e membros já decaíram. A falta de envolvimento com as Escrituras provoca isso; a falta de vida devocional causa isso; a falta de coração/servo faz com que vidas entrem em decadência espiritual.
Os músicos precisam da graça de Jesus em suas vidas, assim como os não-músicos também precisam. Músicos de igreja acima de tudo precisam ser servos, precisam ter o coração na obra, precisam testemunhar de Jesus. Só é testemunha aquele que conhece e convive de perto. Como poderei falar da graça do Pai se ainda não participo desta graça? Como posso cantar que há Vida em Jesus se ainda essa Vida não é real em minha vida?
Fabiano Rocha
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