Quando me perguntam por que não escrevo mais, respondo que não gosto de escrever; gosto muito de falar; prefiro conversar, mas, quando não existem mais oportunidades para a fala, pois, aqueles com quem eu converso já não compreendem mais minhas palavras, ou estão tão alienados a pensamentos e falas limitadas e sem profundidade, sou obrigado a recorrer à escrita. Mas o que seriam palavras limitadas e sem profundidade? Um ótimo exemplo me ocorreu domingos atrás, uma irmã, aliás, não vou chama - lá de irmã, pois nem a conheço direito, não é membro da igreja, e chamar alguém de irmão é muito comprometedor; enfim, essa pessoa chegou na “roda da conversa”, e é claro, estávamos conversando sobre o culto que havíamos acabado de prestar a cerca de 10 minutos atrás e, sem ninguém perguntar nada, ela disse: a música foi ótima, a direção do culto foi legal, etc, mas, havia apenas um detalhe que estava fora dos padrões, (olhando para mim) você usava gravata! Esse detalhe deixava o ambiente muito, muito sério. Eu simplesmente saí aos poucos da conversa e deixei aquela pessoa estabelecendo suas opiniões e padrões de como deveria ser o culto que a agradava mais.
Às vezes isso cansa! Não suporto mais ouvir coisas como essa; perder cinco minutos preciosos da minha vida para dar atenção a uma pessoa dizendo qual é a melhor e mais correta maneira de eu me vestir.
Quando digo que estou me cansando, não estou dizendo que estou sem esperança; tenho ainda esperança; esperança em ver a igreja cantando canções biblicamente corretas e seus músicos usando corretamente seus instrumentos, honrando o Senhor com seus dons e talentos; tenho ainda esperança em ver pregadores fiéis à Palavra da Verdade, mas, aquelas conversinhas informais que sempre acontecem nos corredores e no pátio das igrejas, alguns chamam de rádio corredor, eu chamaria de rádio do inimigo, pois, está comprovado que o que mais causa confusões e desentendimentos nas igrejas são as conversinhas informais. Isso sim me levam ao cansaço.
Infelizmente, sempre caímos na grande besteira de nos perguntarmos: será que o culto está agradando as pessoas? Será que a maneira que nos vestimos está agradando? Será que as músicas estão agradando? Será que a mensagem está agradando? Será que meu trabalho está agradando? Será que tudo isso está correspondendo aos padrões das pessoas?
Tenho refletido há muito tempo com relação a isso tudo, e tenho tomado decisões, que certamente mudarão o rumo e visão do meu ministério, não posso perder meu tempo preocupado com essas questões; devo sim, me preocupar se o culto está agradando a Deus. Devo me preocupar se a maneira de como me visto está honrando ao meu Deus, ou está desonrando seu nome. Devo me preocupar com a mensagem que cada música passa para a igreja, são mensagens corretas? Ou são vans repetições, vazias, ocas e sem profundidade?
Minha primeira crise teológica/eclesiástica foi com 16 anos; comecei a me perguntar como deveria ser o culto que agrada ao Senhor. Quais músicas devem ser cantadas, quais instrumentos são mais apropriados para o culto? Como devem estar vestidas as pessoas para o culto coletivo? Como este culto deveria ser conduzido? Quando leio João 4, e imagino a cena de Jesus e a mulher samaritana, penso que aquela mulher estava vivendo uma crise parecida; onde se deveria cultuar a Deus? E Jesus olhando pra ela diz que o culto que agrada a Deus não é aquele que é prestado dentro de um templo, ou na rua, ou no monte tal, no lugar tal, com a roupa tal, no horário tal; mas, o culto que agrada a Deus é aquele que é prestado em espírito e em verdade; onde existe um coração puro e quebrantado, o Senhor desvia o seu olhar pra esse coração e recebe daquele adorador o culto.
Às vezes nos colocamos diante de Deus para a prestação de culto preocupados com detalhes que não fazem muita diferença e, às vezes, detalhes desnecessários. Esquecemos da essência do culto; não podemos esperar que o culto tenha sido abençoado porque nos emocional, o culto nos levou a lágrimas, arrepiou; o culto é abençoado porque Deus está presente, cuidando de nós, recebendo adoração.
Re-lendo, re-aprovando, re-apoiando todas as suas palavras. Também estou me cansando.
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